Reunida por quatro horas de bate-boca, silêncio de depoentes e até visita de estudantes, a CPI do Cachoeira aprovou a quebra dos sigilos telefônico e fiscal do senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO).
Atuando na ausência do titular, o vice-presidente da comissão, deputado Paulo Teixeira (PT-SP), já defendeu discutir convocações de governadores envolvidos com aliados do contraventor somente no dia 12 de junho. Demóstenes, que deve ir à CPI na quinta-feira (31), é apontado como braço político da Cachoeira, acusado de comandar um esquema de exploração de jogos ilegais.
Os sigilos quebrados incluem os de SMS, Skype e outras formas de contato. A sessão ainda não foi encerrada. Já a votação de quebra de sigilos de alguns governadores já foi adiada para daqui duas semanas.
O relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), defendeu que sejam quebrados apenas os sigilos do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). O delegado Matheus Rodrigues, da Polícia Federal, afirmou que Perillo pode ter vendido uma casa no valor de R$ 1,4 milhão não ao dono de uma faculdade, como o próprio tucano chegou a alegar, mas, sim, a Cachoeira. De acordo com as investigações da operação Monte Carlo, chefiada por Rodrigues, três cheques, sendo um de R$ 600 mil e outros dois de R$ 400 mil, foram entregues no Palácio das Esmeraldas, sede do governo goiano.
Escutas da PF também indicam que Cachoeira tentou se aproximar de membros do governo do Distrito Federal, do governador Agnelo Queiroz (PT). Já o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), é amigo de Fernando Cavendish, ex-presidente da construtora Delta, suspeita de participar do esquema do bicheiro.
O presidente da CPI do bicheiro Carlinhos Cachoeira, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), afirmou nesta quarta-feira (30) que governadores de Estado podem ser convocados para depor à comissão. Para hoje estava previsto o depoimento de Cláudio Abreu, ex-diretor da Delta. Ele compareceu à reunião, mas invocou o direito de permanecer calado e acabou dispensado.
Além dele, também não foram ouvidos José Olímpio de Queiroga Neto, acusado de ser gerente da organização do contraventor; os contadores Lenine Araújo de Souza e Rodrigo Moral Dall Agnol e Gleyb Ferreira da Cruz, acusado de fazer pagamentos em nome de Cachoeira.
Segundo o presidente da comissão, após consulta à equipe técnica da CPI, a comissão tem poder de convocar qualquer representante do poder público porque várias esferas da Justiça podem contar com testemunhos de autoridades em qualquer processo.
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